terça-feira, 14 de setembro de 2010

ARQUITETURA BARROCA

                        Barroco é o período da arte que vai de 1600 a 1780. A arquitetura barroca destacou-se deixando a pintura e a escultura apenas como complementos, os quais contribuiam para a harmonia do conjunto A arquitetura barroca é caracterizada pela complexidade na construção do espaço e pela busca de efeitos impactantes e teatrais, uma preferência por plantas axiais ou centralizadas, pelo uso de contrastes entre cheios e vazios, entre formas convexas e côncavas, pela exploração de efeitos dramáticos de luz e sombra, e pela integração entre a arquitetura e a pintura, a escultura e as artes decorativas em geral (todos se integravam numa relação de dependência). O exemplo precursor da arquitetura barroca geralmente é apontado na Igreja de Jesus em Roma, cujo projeto foi de Giacomo Vignolae a fachada e a cúpula de Giacomo della Porta. Vignola partiu de modelos clássicos estabelecidos pelo Renascimento, que por sua vez se inspiraram na tradição arquitetônica da Grécia e da Roma antigas. As diferenças introduzidas por ele foram a supressão do transepto, a ênfase na axialidade e o encurtamento da nave, e procurou obter uma acústica interna eficaz. A fachada se tornou um modelo para as gerações futuras de igrejas jesuítas, com pilastras duplas sustentando um frontão no primeiro nível, e um outro frontão, maior, coroando toda a composição. O interior era originalmente despojado, e seu aspecto atual é resultado de decorações no final do século XVII, destacando-se um grande painel pintado no teto com o recurso da arquitetura ilusionística. A arquitetura, monumental, com exuberantes fachadas de mármore e ornatos de gesso, ou as obras de Borromini, caracterizadas pela projeção tridimensional de planos côncavos e convexos, serviram de palco ideal para as pinturas apoteóticas das abóbadas e as dramáticas esculturas de mármore branco que decoravam os interiores. Essas características são definidas pelo barroco ter sido um tipo de expressão de cunho propagandista. As igrejas passaram a ter formas arredondadas dotando o conjunto de um forte dinamismo. Porém, quanto à arquitetura palaciana, o palácio barroco era construído em três pavimentos. Em vez de se concentrarem num só bloco cúbico, como os renascentistas, parecem estender-se sem limites sobre a paisagem, em várias alas, numa repetição interminável de colunas e janelas.

Exemplo de edificação barroca

Vignola e Della Porta: Igreja de Jesus, Roma.
                        Na arquitetura barroca foi importante a observação de proporções geométricas definidas, uma vez que a teoria da arquitetura estava permeada de concepções que a relacionavam com a estrutura do universo. Acreditava-se que o cosmos fosse estruturado por proporções matemáticas, que a Terra e os outros planetas se moviam dentro de molduras concêntricas cristalinas, invisíveis e impalpáveis, mas não obstante reais, que deveriam ser imitadas na construção dos edifícios e no planejamento urbano, refletindo também a ideologia do Estado centralizado. As construções efêmeras se cobriam de alegorias políticas, mitológicas e astrológicas que se fundiam para veicular mensagens polivalentes para uma audiência urbana de extração diversificada.
                        Roma então passou por diversas modificações com o objetivo de adaptar a cidade a um conceito urbano mais moderno, organizado e espaçoso, permitindo uma circulação facilitada numa cidade que ainda mantinha muito de seu perfil medieval, com ruas estreitas e tortuosas e poucos logradouros públicos amplos (volume e simetria vigentes no renascimento são substituídos pelo dinamismo e pela teatralidade causando diferentes efeitos visuais). O projeto previu uma organização radial de avenidas importantes, endireitamento de ruas, ampliação e embelezamento de praças e parques com fontes e monumentos, numa perspectiva monumental, e se revelou tão eficiente que foi mantido pelos seus sucessores, sendo continuamente aprimorado e embelezado ao longo de todo o século XVII. Houve também a reforma de alguns monumentos, como a Basílica de São Pedro, por exemplo (maior monumento barroco). As inovações na planta de Roma se tornaram modelares, e logo passaram a inspirar a reurbanização de várias cidades italianas, se irradiando também para a Alemanha, França e outros países, em interpretações variadas e em vários casos alterando radicalmente o perfil urbano. As obras também davam uma ideia de poder e um novo senso de ordem, manifestos em construções suntuosas e ostentatórias.
                        Foi sob as ordens do papado que começou a tomar forma a obra de numerosos arquitetos e urbanistas. Além das realizações projetadas pelos três grandes nomes da fase de maior florescimento barroco, Borromini, Bernini e Pietro da Cortona, ergueram-se igrejas, vilas e palácios criados por outros arquitetos, como Carlo   Maderno ou Guarino Guarini. Em todas essas construções, criaram-se efeitos de forma e luz, com diferentes combinações de elementos arquitetônicos, para romper com a monotonia e frontalidade das fachadas e acentuar os volumes espaciais.
                        Nações protestantes como a Inglaterra, por exemplo, criaram uma versão mais moderada do estilo, com edifícios de fachadas bem menos carregadas que as italianas.
                        O barroco português, principal fonte da explosão construtiva que ocorreu no Brasil, foi alimentado por dois fatos: a descoberta do ouro brasileiro, em 1681, e o terremoto que destruiu Lisboa, em 1755, tornando imperiosa a reconstrução da cidade. O principal arquiteto ativo em Portugal na época foi o alemão J. F. Ludwig (Ludovice), autor do palácio-mosteiro de Mafra e da biblioteca da Universidade de Coimbra. Outros nomes salientes são os de Mateus Vicente de Oliveira, que projetou o palácio de Queluz; José da Costa e Silva, autor do teatro de São Carlos; e Manuel de Maia, muito envolvido na reconstrução de Lisboa. Outras relevantes interpretações nacionais dos fundamentos barrocos manifestaram-se em países como a Rússia e a Inglaterra, onde Christopher Wren se distinguiu na reconstrução de Londres, após o incêndio de 1666, reerguendo cerca de quarenta igrejas, entre as quais a nova catedral de Saint-Paul (1675-1702).

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